Real Irmandade de Santa Beatriz da Silva

Publicações e Documentação

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                                1ª Carta aos Irmãos de Santa Beatriz

Bem, em primeiro lugar queria agradecer a presença de todos, e, em especial, daqueles que ajudaram mais de perto a tornar este dia possível.

Aliás, era sobre isso mesmo que gostaria de ter uma palavra convosco, sobre o objectivo que me levou a criar a Real Irmandade de Santa Beatriz. - Tornar algumas coisas possíveis.

Beatriz da Silva e Meneses nasceu em Campo Maior, no coração do Alentejo, e Foram seus pais D. Rui Gomes da Silva e D. Isabel de Meneses, senhores de Campo Maior. Tiveram 11 filhos, educados por franciscanos, que inculcaram no seu coração um profundo sentido cristão, ético e moral e um especial amor à Imaculada Conceição.

A Princesa Isabel de Portugal, filha de D. Duarte, ao contrair núpcias com D. João II de Castela, leva a sua prima Beatriz como dama. Era Beatriz muito nova e bela e de alma transparente e cristalina. Os ciúmes da Rainha chegaram ao desejo de a fazer desaparecer. Mas os desígnios de Deus eram outros, e enquanto está Beatriz só e encerrada num cofre, durante três dias, esperando a morte, aparece-lhe a Virgem Imaculada, Rainha de Portugal, a anunciar-lhe que seria mãe de muitas filhas e que fundasse uma Ordem dedicada ao serviço e louvor do mistério da sua Conceição Imaculada. Sai da Corte e nos Palácios de Galiana, em Toledo funda a sua Ordem há mais de 500 anos.

 Foi nesta viagem que, saídos de trás de um monte, lhe apareceram dois religiosos da Ordem de S. Francisco. Beatriz encheu-se de medo, pois tinha receio pela sua vida. Chegando ao pé dela, um deles, dirigiu-se-lhe na sua língua, e perguntou-lhe qual a causa da sua aflição e temor. Depois destes a tranquilizarem, falaram-lhe na fundação da Ordem da Imaculada Conceição. Após estes dois frades terem desaparecido misteriosamente, Beatriz deu-se conta que não eram nem mais nem menos que Santo António de Lisboa e São Francisco de Assis.

Este encontro deixou-lhe na alma uma grande consolação e abriu-lhe a compreensão à realidade sobrenatural e espiritual.

Há um momento que não pode ser esquecido, o momento da sua morte. Beatriz havia coberto o seu belíssimo rosto desde que saiu da Corte de Tordesilhas, afim de evitar desgostos, dissabores e paixões. Viveu assim durante cerca de trinta anos, de rosto coberto, no Convento de S. Domingos “O Real”. No último momento, levantaram-lhe o véu, para lhe ser administrada a Santa Unção, e com grande espanto e assombro, de todos os presentes, do seu rosto saíam raios de luz que iluminaram todo o aposento, e uma estrela luminosa fixou-se-lhe na testa e ali permaneceu até que soltou o último suspiro.

Beatriz teve uma vida de entrega, dedicação, amor e serviço.

Hoje em dia vive-se numa sociedade de consumo, facilitista, interesseira e sem moralidade, totalmente desenraizada dos valores básicos e tradicionais de uma sociedade civilizada e Humana. Não há espírito de família, não há amizade, não há altruísmo nem um espírito puro de serviço e entrega ao próximo, resumindo, não há amor…

O verdadeiro espírito cristão perdeu-se, ou está em vias de extinção! O espírito de serviço e entrega ao próximo da antiga cavalaria, que nos ergueu e construiu o nosso Portugal, está em agonia lenta…

A Real Irmandade de Santa Beatriz, tem por objectivo divulgar o culto a esta Santa, genuinamente Portuguesa, e que saiba, a única! Assim como a Sua obra, a devoção e culto à Imaculada Conceição, a padroeira e Rainha de Portugal, assim como dos valores tradicionais Portugueses, quer familiares, quer de serviço, gratuito e altruísta para com o próximo.

Todos achamos, que sozinhos, não conseguimos mudar o mundo, é um facto, mas também é uma certeza, que podemos sempre fazer algo para o melhorar e tornar cada vez melhor!

Que tipo de Homem seria Eu se não tentasse fazer do Mundo um lugar melhor?!

Quem melhor que S. Paulo, para nos transmitir este espírito e sentido do serviço ao próximo?! Como ele mesmo disse,”ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que ressoa, ou como o címbalo que tine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que possua a fé em plenitude, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Ainda que distribua todos os meus bens em esmolas e entregue o meu corpo a fim de ser queimado, se não tiver caridade, de nada me aproveita.”

É precisamente este espírito de serviço, caridade e dedicação ao próximo, que quero que seja uma presença constante nos Irmãos de Santa Beatriz, que sejamos distinguidos, não individualmente, mas colectivamente, pelo serviço e caridade ao próximo, livre e desinteressado, inteiramente por amor.

Sem esta entrega, sem esta prova de amor pelo próximo, mesmo que por vezes seja extremamente difícil, nada valerá a pena, e não seremos mais do que massa inerte, igual a todas as outras.

Sendo assim, está nas nossas mãos, quer individualmente, quer colectivamente, tornar o mundo em que vivemos, especialmente aquele que nos rodeia de mais próximo, um pouco melhor, dia após dia.

Assim, todo este nosso esforço, além de nos dar uma paz interior, tranquilidade e alegria impossível de alcançar de outra forma, tornará a vida mais leve e feliz das pessoas que nos rodeiam.

Será o verdadeiro espírito da cavalaria cristã que presidirá aos nossos gestos e actos. O Mundo será melhor, cada dia que a Real Irmandade de Santa Beatriz esteja presente…

Certamente que a luz que Santa Beatriz irradiou, após estes 5 séculos que nos separam da sua partida, continua hoje a irradiar. Cada Irmão da Real Irmandade de Santa Beatriz, será com toda a certeza, mais um raio de luz que imana desta tão nossa querida Sta. Beatriz.

     
                                                                            
Que Sta. Beatriz nos abençoe!!!

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                                                                      Datas:

                                                          Nascimento: 1 de Setembro de 1437 em Campo Maior.

A Bula «Inter Universa» está datada de 30 de Abril de 1489, quinto ano do Pontificado de Inocêncio VIII. É esta, certamente,a autorização solene, oficial e pontifícia para a Fundação.

                                                          Morte de Santa Beatriz: 9 de Agosto de 1492.

                                                                                            Beatriz, uma glória de Portugal!

                                                                                                    Sou enquanto sirvo!

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